quinta-feira, 9 de julho de 2009

Bonito, bonito, bonito

Se o meu cão falasse, fosse bípede e tivesse uma fisionomia mais parecida com a do animal de duas patas, seria um verdadeiro Homem (e com H maiúsculo, com certeza). Gosta de falar sobre diversos temas, ver documentários, ler e apreciar diferentes tipos de filmes. E por falar em filmes (tanta letra escrita para falar do que queria realmente) devo pronunciar-me sobre um que o marcou particularmente nos últimos tempos e entrou directamente para a galeria de melhores filmes dentro da sua cabeça. Before Sunrise – Antes do Amanhecer – é um filme de 1995 realizado por Richard Linklater e escrito por Kim Krizan e Linklater. É uma história muito simples. Uma jovem Francesa, a Celine (Julie Delpy), e um norte-americano, o Jesse (Ethan Hawke), conhecem-se num comboio e percebem que não querem ficar apenas nos cumprimentos. Querem mais, sabem que vale a pena mais. Assim, decidem explorar Viena. Têm, apenas, uma noite para o fazer, já que o avião de Jesse o espera na manhã seguinte e o comboio para Paris não espera mais do que umas horas. A partir deste momento a descoberta de uma cidade cruza-se com a descoberta de um amor. Através de um diálogo brilhantemente escrito, onde dissertações sobre situações do quotidiano são espremidas até à exaustão, assistimos ao nascimento de uma relação pura, construída num jogo de perguntas e respostas e de situações inusitadas. O dia chega e com ele o comboio para Paris. Aí, para além das demonstrações de um amor simples, imaculado e até talvez reconfortante, fica a promessa de exactamente seis meses depois se encontrarem no mesmo local: sem números de telefone, sem moradas, apenas com a vontade de serem felizes um ao lado do outro.

É complicado escolher uma cena e denominá-la como a preferida, mas destaco uma, em pleno rio Danúbio, onde um poeta de rua se prontifica a escrever um poema com uma palavra por eles escolhida e, dependendo da qualidade do mesmo, pagariam a quantia que achassem justa. A palavra escolhida foi milkshakes


Daydream, delusion, limousine, eyelash

Oh baby with your pretty face

Drop a tear in my wineglass

Look at those big eyes

See what you mean to me

Sweet-cakes and milkshakes

I'm delusion angel

I'm fantasy parade

I want you to know what I think

Don't want you to guess anymore

You have no idea where I came from
We have no idea where we're going

Latched in life

Like branches in a river

Flowing downstream

Caught in the current

I'll carry you

You'll carry me

That's how it could be

Don't you know me?

Don't you know me by now?


Nove anos depois nasce o Before Sunset

Acordemos

Se o meu cão falasse dir-vos-ia que é a favor do acordo ortográfico. Até aí tudo bem. Mas o acordo de Londres? Parece-lhe demasiado...
Sendo assim, e se ele falasse, convencer-vos-ia a assinar esta petição.
Estão a pensar "Como é que ele nos convenceria?".

Ele morde meus caros, ele morde.

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=traducao

terça-feira, 7 de julho de 2009

Uma questão de tamanho

Se o meu cão falasse, hoje não conseguiria fazê-lo tal a quantidade de picadas que recebeu. Sim, é verdade, andou à porrada com uma melga e, pelos vistos, perdeu. Pelo que percebi, e foi pouco já que estava abatido, teve logo de lhe aparecer uma melga incompetente, aventureira ou órfã. Segundo ele, não tem quaisquer problemas em alimentar um bichinho, desde que este seja simpático, humilde e actue de mansinho. Não foi o caso. O meu animal não acordou com o barulho irritante, por estranho que pareça, mas sim com a picada. Este modo de actuar só o pode levar a pensar que o insecto é palerma e não se sabe alimentar devidamente, ou não teve pais que o ensinassem a atacar as suas presas e encontra-se um bocadinho perdido, ou ainda pode gostar dos confrontos com as presas. Não sei, não me interessa o motivo e ao meu cão ainda menos. O que sei é que ele a partir das cinco da manhã não mais dormiu.

Um conselho de amigo, hoje não incomodem muito o meu animal

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A minha vida segundo Manuel Cruz

Se o meu cão falasse dar-vos-ia mais pormenores sobre este jogo, mas como não o faz, limito-me a dizer que o objectivo é escolher-se um Artista/banda (escolheu Manuel Cruz) e responder às seguintes questões com títulos de músicas desse mesmo artista. Divirtam-se

Artista: Manuel Cruz (Foge Foge Bandido)
1) És homem ou mulher?
"Discussão Canina"
2) Descreve-te
"Sempre-a-Pensar"
3) O que as pessoas acham de ti?
"Algo Bom" para alguns, "Cocó" para muitos outros
4) Como descreves o teu último relacionamento?
"A Dor de Ter de Errar"
5) Descreve o estado actual da tua relação
Fechado Para Obras, Dans Une Autre Vie Misérable
6) Onde querias estar agora?
"O Mar Já Nos Olhos"
7) O que pensas a respeito do amor?
"Esta Merda Começa A Ter Piada"
8) Como é a tua vida neste momento?
Tirem o Macaco da Prisão" (para quem me conhece esta tem muita piada)
9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo?
"Uma Historinha"
10) Escreve uma frase sábia
"Ninguém é Quem Queria Ser"

Questões fisiológicas

Se o meu cão falasse deixaria aqui um pequeno memorando.

Auf larouf ralatouf carouf.

Traduzindo: Sou um cão de (muito) pêlo comprido.

Guerra dos sexos

Se o meu cão falasse exporia aqui o que pensa sobre o papel do homem na sociedade, actualmente. Vocês não o percebem, mas nós entendemo-nos às mil maravilhas. Sendo assim, reproduzo aqui parte da nossa conversa.

“Nós, os machos, não sabemos qual é o papel que nos cabe na sociedade actual”. Perguntei-lhe o porquê daquele devaneio, já que pensava que nessa espécie as coisas estavam bem hierarquizadas: os portadores de pila em menor número, mas em compensação com mais qualidade e poder. Pelos vistos estava enganado. As fêmeas já estão no mesmo patamar dos machos, em muitos aspectos. Chamou-lhe emancipação ele. Diz que no mundo dele as senhoras de quatro patas já têm, no papel, os mesmos direitos que os do seu sexo. Mas têm de provar o dobro. Diz que no quotidiano elas não precisam do género masculino para nada. Diz que elas já o descobriram.

Está a surgir uma subespécie nesse género do reino animal. Fêmeas que se dizem mais felizes sem os Machos. Fêmeas que usarão apenas, num futuro muito próximo, os homens como amparo sexual (não me venham com tretas… por mais que os aparelhos sexuais evoluam, não chegarão ao patamar de prazer que a interacção homem/mulher proporciona). Os espermatozóides serão gerados artificialmente ou recorrer-se-á à clonagem. Homens é que nada. “Mas qê’que se passa neste mundo pah”, diz-me ele com a sua pronúncia canina perfeita. Passou-se de um machismo ignorante para um feminismo delirante e não sabemos o que fazer para que esta revolução com mais danos que a industrial abrande. Agora não podemos comandar nem queremos ser comandados. Queremos partilhar essa tarefa. Queremos, de mãos dadas, atravessar as manchas de calor que aparecem nestes dias de Verão (para o ano sem maiúscula). Elas já têm produtos farmacêuticos que as protegem dos danos de pele, têm roupa que não deixa passar os raios ultravioletas. Elas já têm guarda-sóis que combinam com a cor dos seus olhos. Elas já conduzem e deslocam-se com o ar condicionado ligado. Então para quê que elas precisam de nós? Para serem felizes.

domingo, 5 de julho de 2009

É ele, o meu cão

Se o meu cão falasse partilhar-se-ia um pouco neste espaço. Como não o pode fazer, usa-me, e usar-me-á enquanto esta experiência virtual durar, para o tentar retratar neste blog.

Para além de ser esquivo, comer a sua dose diária de ração, de ter direito a algumas guloseimas e de dormir que nem um cão, literalmente, ainda sorri, corre, recebe mimos, tem amores correspondidos, amores incompreendidos e faz sofrer por amor. Gosta de séries para mulheres. Gosta delas, das mulheres e sonha com um relacionamento apaixonado, equilibrado e cor-de-rosa, sete vezes mais rápido que os do seu dono.

É arisco, é solitário e companheiro. É meigo, teimoso e assertivo. Às vezes é um rafeiro abandonado. Outras vezes um adoptado estimado mas nunca deixa de ser ele próprio. Mesmo que chova, mesmo que faça frio, mesmo quando os cães têm o dobro do tamanho e pêlo comprido, ele não desiste do que acredita e mantém-se fiel ao dono, aos amigos e a ele próprio.

Eu gosto do meu cão. Vocês merecem que eu o partilhe.